quarta-feira, 17 de abril de 2013

Um Desabafo


Como posso eu explicar o que sinto ? Com palavras, sejam elas simples ou de um grau de compreensão mais elevado ? Com gestos complicados ou menos elaborados ? Vou ser sincero e dizer, que, não acho que consiga explicar o que sinto de nenhuma das maneiras que referi em cima, ou de outras maneiras que possam existir para além das que eu mencionei, porque isto sim sou eu a dizer a verdade. Não posso porque de fato não consigo explicar-vos o que sinto, mas mesmo assim vou fazer o meu melhor.
São memórias minhas, memórias que representam muita mágoa e dor.
Quando tudo aconteceu tinha eu acabado de fazer os meus 15 anos de idade, no inicio da minha adolescência basicamente, um pouco novo, achava eu, para conseguir entender o porquê de tudo o que estava a acontecer naquela altura, sentia e na verdade não tinha mesmo ninguém para me apoiar a 100%, ninguém em quem eu conseguisse partilhar um pequeno ou até mesmo um grande desabafo. Mas foi um pouco antes do inicio do Verão que tudo começou, a pior noticia que alguma vez me poderiam entregar, "a tua mãe tem cancro, é maligno, não vai conseguir sobreviver", os meses que se seguiram foram os piores da minha vida, sabendo que de um dia para o outro poderia perder a minha mãe, poderia deixar de a ver, deixar de sentir o seu toque a acariciar-me, o seu bom senso a aconselhar-me, apesar de tudo mantive a esperança até ao fim, afinal era só um adolescente não compreendia de todo o que se estava a passar, a única coisa que compreendia era que não podia perder a minha Mãe, o meu pilar, a minha fonte de sabedoria.
Umas quantas palavras amigas, uns carinhos, não foram o suficiente para me ajudar a tentar passar esta fase com um pouco menos de dor, algo tão revoltante, algo triste, um momento que sabia que iria recordar para sempre na minha memória e que perdura no meu pensamento até nos dias de hoje.
Todos os dias recordo claramente tudo o que se passou.
Apesar de já ter passado quase 4 anos, derramo inúmeras lágrimas enquanto escrevo isto, não é algo que possa evitar ou que sequer me sinta na obrigação de o fazer, é algo que sinto, uma reação talvez natural quando se enfrenta uma grande agonia que demonstra ser inexplicável, pois os momentos vividos em tal época de tristeza faziam-me sentir que ser feliz outra vez seria basicamente impossível, e sim, posso dizer que não sou feliz como quando ainda tinha a minha mãe por perto.
Cada vez que fecho os olhos consigo imaginar tudo o que se passou como se estivesse a reviver todos aqueles momentos, e de todas essas vezes desejo ter-te de novo ao meu lado quando os volto a abrir.

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